Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas.
(Sun Tzu)
Agora só faltam 5 meses!
Com esta constatação "positiva" enfrentei minha quarta injeção de Interferon, uma das armas que disponho para enfrentar o "flavivírus", vírus da Hepatite C. O tratamento será de 6 meses. Quando pensei que "só" faltam cinco meses, agora, lembrei do cara que despencava do 20º andar de um prédio e ao passar pelo 5º pensou: - até aqui vai tudo bem!
É uma luta de vida e morte, realmente. Quando digo isso, não estou propagandeando a minha capacidade de enfrentar situações adversas nem a exibir coragem. Apenas tento relatar o dia a dia de uma luta contra a morte, como uma forma de enfrentar esse vírus letal.
HEPATITE C MATA!
Saber que tenho circulando pelo meu sangue um vírus que se multiplica rápida e constantemente atacando o meu fígado, necrosando-o até levá-lo à cirrose e ao câncer, não é uma boa coisa. Ficar inerte a isso também não! É necessário reagir, não só com os remédios mas com atitudes de enfrentamento e combate. Acredito que o primeiro passo para o enfrentamento seja o conhecimento da doença. Me preparei para isso. Busquei na literatura médica todas as informações sobre o meu inimigo e quais as melhores formas de combatê-lo. Me imagino preparado!
O embate
O conhecimento do inimigo, o uso das armas corretas para combatê-lo e manter a "moral da tropa" elevada, são condições fundamentais para se vencer a batalha. A questão de manter a moral elevada, não sucumbir aos ataques e aos efeitos colaterais dos remédio é uma coisa complicada.
Os remédios - Interferon Peguilado e Ribavirina - são fortes e produzem efeitos colaterais também fortes no organismo. O medo dos efeitos colaterais, principalmente do Interferon, é um dos grandes problemas para pacientes que vão iniciar o tratamento.
O medo é uma arma a favor da doença. Outro problema é o enfrentamento público de se assumir a doença. A carga de preconceitos em relação à Hepatite C se assemelha à da Aids. Esconder que se é portador do Flavivírus não ajuda em nada no tratamento.
A Aids ainda é a doença que mais preocupa quando se fala em doenças sexualmente transmissíveis. Mas a Hepatite C deveria receber uma atenção especial neste momento. É epidemia mundial.
Estudos feitos nos Estados Unidos comprovam que a Hepatite C mata mais que a Aids hoje em dia. No mundo, morre uma pessoa a cada 30 segundos, infectada com Hepatite C.
Fechando o mês
Bem, o fechamento de um mês de tratamento foi comemorado com alfajores Havana e mostarda de Dijon. É...a mistura parece esquisitam mas foram regalitos que trouxe de Buenos Aires para presentear a meninas da equipe de enfermeiras, ténicas em enfermagem, farmacêutica, estagiaria e médica, que me trata no hospital Nereu Ramos.
Vou até lá uma vez por semana para tomar o Interferon, a Ribavirina tomo diariamente em casa. O ambiente do ambulatório é extremamente agradável, por incrível que isso possa parecer. Hospital, a princípio, não deveria ser uma coisa agradável.
A equipe que me atende é composta de pessoas atenciosas, simpáticas e me tratam com carinho, longe da frieza técnica que caracteriza os atendimentos da saúde em todo o país.
Só bronquite
Hospital é lugar de problemas. Doenças, acidentes e dores. No geral, o humor de pacientes hospitalares não é dos melhores, na verdade é dos piores!
Nesta última ida ao ambulatório presenciei uma cena interessante. Quando cheguei na sala de espera o stress já corria solto. Um senhor, magro, alto, em tratamento também, falava alterado, reclamava de confusão de datas e injeções e dirigia suas grosserias para a enfermeira chefe. A profissional tentava acalmá-lo e tirar suas dúvidas a respeito de algum procedimento mal compreendido.
Como diria a Zoara Yonara: - Difícil prá aquarius!
Comecei a observar as atitudes da pessoa e percebi que estava entupido de química e eram os remédios que estavam ali se manifestando. Assisti ao Interferon se apresentando na sua melhor perfomance. Um horror!
Cada vez mais irritado, o paciente impaciente, distribuia impropérios, agora, para toda a equipe de atendentes. Percebi a importância de se saber que, principalmente, o Interferon, nos deixa irritados, exacerbados e com baixa tolerância. Sem dúvida que muita coisa também vai do temperamento de cada pessoa. Se já é estressado, provavelmente terá esse defeito ampliado. Mas não se conhecer e muito menos os efeitos colaterias do remédio, nos leva a sucumbir à química.
Uma roubada!
Diante do show acabei me envolvendo emocionalmente na história. Tomei partido a favor da equipe agredida, comecei a achar que o paciente já estava passando dos limites e, liberando minha parcela de irritação proveniente do Interferon pensei:
- Um cara desses, ou tu dá um tapa ou tu perdoa!
Resolvi perdoar!
Cada vez mais irritado, o paciente impaciente, distribuia impropérios, agora, para toda a equipe de atendentes. Percebi a importância de se saber que, principalmente, o Interferon, nos deixa irritados, exacerbados e com baixa tolerância. Sem dúvida que muita coisa também vai do temperamento de cada pessoa. Se já é estressado, provavelmente terá esse defeito ampliado. Mas não se conhecer e muito menos os efeitos colaterias do remédio, nos leva a sucumbir à química.
Uma roubada!
Diante do show acabei me envolvendo emocionalmente na história. Tomei partido a favor da equipe agredida, comecei a achar que o paciente já estava passando dos limites e, liberando minha parcela de irritação proveniente do Interferon pensei:
- Um cara desses, ou tu dá um tapa ou tu perdoa!
Resolvi perdoar!
Agora só faltam 5 meses!