sexta-feira, 3 de maio de 2013
Com Chico e Viviane medindo a pressão. Último Interferon |
Interrompi hoje o tratamento sob o risco de criar um super-vírus resistente.
Não estou contente, estou puto!!!!
Agora tenho de ficar a espera de uma nova terapia, talvez para 2014, que já está sendo desenvolvida por vários laboratórios.
O "não detectado" nos alegrou a todos, família, amigos, médicos e enfermeiros que me acompanham no tratamento. Como sou primário nesta terapia e "pioneiro" no tratamento triplo que inclui Interferon, Ribavirina e o primeiro antiviral, Boceprevir, estava bem otimista em relação ao resultado deste último exame.
Nos frustramos todos!
Realmente o Flavivírus não é uma coisa fácil de se vencer. Durante esses sete meses de tratamento conheci várias pessoas que, como eu, estão na luta contra a hepatite C. Todos sãorecidivos, alguns com vários anos de tratamento, e agora tentando a terapia tripla, que só pode ser usada uma única vez.
A carga química e os efeitos colaterias do tratamento são bastante fortes e extremamente limitadores da nossa vida. A depressão, a náusea, as febres, as dores pelo corpo, a perda de cabelo e a escamação da pele é de uma violência tal que nos exige uma força descomunal para não cair na armadilha da vitimização e da depressão.
É como se mantivéssemos a nossa vida em stand by, à espera da cura e do final do tratamento. Todos os projetos são adiados e jogados para o futuro. A dislexia, o mal-estar físico e mental não nos deixam espaço para produzir, física e mentalmente.
Fiz o dever de casa!
Parei com bebidas alcóolicas no dia 15 de abril de 2012, seis meses antes de iniciar o tratamento. Me tornei uma pessoa disciplinada, cuidei da alimentação, dos horários e da frequência dos remédios (17 por dia). Comecei a dormir mais que as 3,5 horas habituais de sono por noite, li tudo a respeito da doença e me preparei para enfrentar os efeitos colaterais e não deixar que a química me transformasse em uma pessoa amarga, sofredora o que, finalmente, transformaria a vida da minha família e dos meus amigos em um inferno.
Acho que fiquei uma pessoa melhor. Controlei a irritação medicamentosa e isso me trouxe a calma e principalmente a paciência com as outras pessoas. A falta dela talvez fosse um dos meus maiores defeitos.
Enquadrar-me em um esquema que exige disciplina e obediência vai contra tudo que sou e que sempre pratiquei na vida. Sou totalmente anticonvencional...até a página 26, pelo jeito.
Da proximidade, cuidado e dedicação da minha família, surgiu uma forte energia, criando um novo circulo de relação, mais forte afetivamente e com mais conhecimento mútuo. Uma experiência fantástica que pude vivenciar neste período de tratamento.
Complexo mas verdadeiro
Nunca fiz nada que não me desse prazer. Sempre mantenho uma cenoura pendurada lá na frente e corro atrás para alcançá-la. Não tenho patrão e não devo obediência a ninguém. Se oFlavivírus pensa que acabou a batalha está enganado. Vou atrás de novas armas, que já existem e estão sendo testadas por cientistas do mundo todo.
O meu perfil de paciente se enquadra no modelo definido como ideal para testar novas terapias. Quero ser cobaia. Fico incomodado de saber que esse bicho ainda está andando pelo meu corpo e, principalmente, ameaçando o meu fígado...que tanto prezo.
Futuro maravilhoso
Outro dia escutei do meu amigo Orlando, no terceiro tratamento:
- Canga, o tratamento é sofrido, dolorido, cansativo, anêmico/depressivo...uma merda! Mas de tudo isso, tem uma coisa que é maravilhosa: o fim do tratamento! Quando acabam os remédios e cessam os efeitos colaterais, meu Deus! O mundo se transforma e a gente volta a perceber que a vida é maravilhosa, cheia de energia e força, é a supremacia do bem estar!
É atrás desta cenoura que estou correndo agora!
Quero a minha vida de volta!
Sergio, não deixe de escrever, por favor, estou acompanhando seu blog, adorando os seus textos. Conte as novidades de junho. Que novas drogas vc vai testar? Qts anos vc ficou entre a descoberta e o início do tratamento? Qdo vc descobriu em que estágio da doença estava?
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